Por Ruy Cavalcante

A prosperidade tem alcançado a comunidade evangélica?

            Esta pergunta se torna pertinente em face de tudo o que já discutimos anteriormente, aqui mesmo no Blog. Hoje em Rio Branco, o evangelho triunfalista e da prosperidade tem sido anunciado nos quatro cantos da cidade, mas será que esta relação entre fé e renda tem sido realidade? O povo rio-branquense tem prosperado à medida que se converte ao cristianismo protestante?
            Para responder esta pergunta lançaremos mão de mais alguns dados incontestáveis, revelados pelo Censo 2010. Observe a figura 4.


Figura 4 – A renda da população rio-branquense, separada por religião.

           Analisando atentamente o gráfico referente à renda da população de Rio Branco, podemos identificar dados extremamente relevantes. Note que apenas na fatia populacional com renda inferior ou igual a um salário mínimo, a quantidade de evangélicos é superior a de católicos, ou seja, a classe mais pobre da população é formada em sua maioria por evangélicos, numa taxa de 7% a mais.
            Nas outras duas fatias, a classe média e classe média alta e rica, o número de evangélicos cai geometricamente. A classe média (cor verde clara) é formada majoritariamente por católicos, sendo que a quantidade de católicos presentes nela, em Rio Branco, é 38% maior que a quantidade de evangélicos. Já na classe média alta (cor verde escura), os católicos são maioria absoluta. São 2124 católicos contra 853 evangélicos, ou seja, o número de católicos com alta renda é 149% maior que o número de evangélicos!
        Se considerarmos a maneira como os protestantes, historicamente, qualificam os católicos, considerando-os, dentre outros adjetivos, idólatras, estes números beiram o absurdo, pois como poderia um povo idolatra prosperar mais do que o povo fiel? A resposta para essa questão é simples, pois independentemente da situação teológico/doutrinária onde se encontram católicos, a teologia da prosperidade alardeada pelas igrejas neopentecostais é falsa, por isso não se sustenta fora do âmbito da imaginação.
            Infelizmente, conforme também já publiquei no Blog, as experiências pessoais têm surtido efeito doutrinário na comunidade evangélica da capital acreana. Dessa forma, mesmo com números tão claros, os testemunhos de minorias geram uma falsa impressão de que isso de fato “funciona” (pragmatismo). Assim, quando um adepto prospera (por motivos diversos), ignora-se as centenas de outras pessoas que não experimentaram tais benefícios financeiros em suas vidas para, em detrimento da maioria, sustentar uma doutrina inteiramente falsa, baseada apenas numa experiência pessoal.
            Enfim, em Rio Branco, as pessoas que têm acreditado nas promessas neopentecostais de prosperidade financeira, não tem experimentado isso de forma prática em suas vidas. Assim a prosperidade financeira continua sendo, conforme já indica a palavra de Deus, fruto de trabalho, ou quando muito, de atividades duvidosas.

No próximo artigo analisarei outros supostos impactos sociais proporcionados pelo crescimento evangélico em Rio Branco, aguardem!