Por Ruy Cavalcante
Atendendo a pedidos realizados a partir da área de análise de músicas deste Blog, deixarei minha opinião a respeito do tipo de música que, acredito, deveriam ser utilizadas em nossos cultos, uma vez que sou extremamente absolutista nesta questão.
Para isso primeiro precisamos entender o significado, mesmo que geral, da expressão “culto”.
Cultuar significa prestar honra, homenagem a alguém ou a alguma coisa. Em nosso caso, como cristãos, significa prestar homenagens ao único Deus, Criador do universo, em especial na figura de Seu Unigênito Jesus Cristo. Dessa forma, culto é a reunião que fazemos para realizar tal tributo, considerando ainda que adorar é a nossa principal obrigação enquanto igreja referente a nossa relação com Deus (Efesios 1:3-12).
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Neste sentido, podemos considerar inicialmente que a postura correta de se dirigir ao culto deve ser o de “entregar” algo, no caso nossa adoração a Deus, e não o de receber algo, uma vez que esta reunião tem como principio fundamental a homenagem a Ele.
Precisamos entender ainda que, no decorrer da história, a igreja acabou organizando o culto de tal forma que vários elementos estivessem presentes na mesma reunião. Resumidamente os elementos são: a adoração a Deus, a pregação da Palavra e a entrega de dízimos e ofertas.
Com isso, o culto deixou de possuir apenas um caráter de homenagem e passou a exerce uma função mais complexa, dentro do corpo da igreja, se tornando o principal momento onde, em comunhão, colocamos em prática boa parte dos ministérios e obrigações cristãs.
Entretanto este fato não retira de nós a obrigação de cultuarmos a Deus e aqui entra a música cristã utilizada no “período de louvor” de nossas reuniões.
Acredito que o entendimento deste assunto seja relativamente fácil: se Deus deve ser prioridade absoluta em nossa vida mas o momento do culto que separamos para demonstrar isso for utilizada para fazer alusão a benefícios para o ser humano, onde fica a adoração?
O momento do louvor nos cultos é, em geral, pouco menor que a metade do tempo total do culto, mas é justamente o instante onde de fato ele possui seu caráter primaz. Ora, se este momento reduzido for utilizado para entoarmos canções como “eu vou viver uma virada”, “Reinar em vida vou” ou “restitui, eu quero de volta o que é meu”, a verdade que posso extrair disso é que Deus não é tão prioritário assim, antes nossa própria vida possui a preferência.
Isto não vale apenas para canções que fogem das verdades bíblicas, uma vez que o que está em jogo é a adoração. Desta forma, qualquer canção que não possua em sua essência a verdadeira adoração, deveria ser posta de lado, ao menos no período de louvor, mesmo que ela reflita conceitos verdadeiramente cristãos.
Vale lembrar que uma canção, para ser considerada de adoração, não basta ser composta e interpretada por um cristão, antes é necessário que ela possua em seu contexto expressões ou conceitos verdadeiros de adoração. Vejamos um exemplo:
“Oh, Deus da minha vida!
Que toda honra seja a Ti
Que toda glória seja a Ti, Senhor
Para sempre”
(Música: De todo meu coração - Mariana Valadão)
Veja a diferença para outra canção que não se encaixa nestes conceitos:
“Quem vai retroceder é você
Mas eu vou avançar e chegar ao fim
Coroa de vitória é o que vou receber
E no lago de fogo você vai arder”
(Música: Mais que Vencedor - Diante do Trono)
Perceberam a diferença? Considerarei que sim.
Existem, portanto diversos outros momentos para cantarmos músicas cujo principio é festejar conquistas, buscar benefícios e/ou contar testemunhos e isso não é necessariamente errado. Porque então a insistência em utilizar os poucos momentos que temos dentro de nossa tão defendida organização para, no lugar de adorar a Deus, centralizar no homem nossas canções?
Pessoalmente eu não consigo entender a dificuldade de dedicar um tempo do culto exclusivamente a Deus e esquecer um pouco de nós mesmos, como manda o Evangelho ao determinar que o homem negue-se a si mesmo para seguir Jesus (Lc 9:23).
Existem vários outros argumentos e conceitos relacionados a este tema e, se for o caso, irei adicionando cada um deles como comentários ao texto a fim de que o mesmo não se alongue sobremaneira.
Deus abençoe a todos.
Fonte da imagem: http://igrejamissionaria.org
8 Comentários
Concordo!
ResponderExcluirA Primazia do Culto, a atenção, devoção e adoração voltada ao Rei dos reis infelizmente tem sido, involuntariamente nao sei, trocada por questões do Ego. E isso é terrível. Por isso sou muito fã das cançoes que O exaltem em todo o tempo e das canções elaboradas em cima de textos puramente bíblicos. Mas infelizmente também isso é fruto já desse malfadado Edonismo, refletido na igreja pós-moderna. Creio que Deus esta separando esse povo que o louva despretenciosamente, sem querer nada em troca. Apenas porque O ama.
Em Cristo!
Ricardo Campelo // @ricocampelo
Verdade irmão, devemos retornar ao evangelho e à verdadeira adoração, aquela que exalta Nosso Deus por aquilo que Ele é e que já fez em nossas vidas, e não a que busca beneficios pessoais...
ResponderExcluirEu cresci na igreja batista, que como vc sabe sempre valorizou bastante essa questao dos hinos na adoraçao pública. E depois de um período de 7 anos pentecostal (do qual nao me arrependo nem um pouco, apesar de tudo rs), mudei para outra denominaçao que valoriza muito esse aspecto.
ResponderExcluirConversando com um amigo batista numa comunidade do orkut ele citou uma verdade básica: "a espiritualidade protestante tem sido historicamente sustentada pelos seus dois pólos principais: leitura piedosa da bíblia e o cântico de seus hinos tradicionais."
Eu acho sim, que deve haver uma inovaçao, renovaçao da música crista brasileira, nos cultos. Os pentecostais começaram fazendo isso muito bem, mas depois descambaram em coisas mais estranhas.
Gostei das abordagens que vi aqui. E principalmente do equilibrio. Um abraço!
Na tentativa de falar uma linguagem mais contemporânea, alguns artistas gospel descambaram.
ResponderExcluirE há quem goste desse tipo de letra cantada que coloca Deus ao seu serviço, exigindo respostas e recompensas divinas.
Ouvi um relato fidedigno sobre um cantor que havia gravado um CD gospel, apenas pq vende mais que brega.
Então, o propósito não é louvar e glorificar a Deus.
A verdadeira adoração é aquela que sai do coração, que dignifica e honra o Senhor.
Muito interessante sua posição. Concordo plenamente com ela. Não é acabar com um estilo ou letras. E sim saber que o primordial é adorar a Deus. Deus deve ser louvado por tudo que é, e não cobrado pelo que Ele pode fazer. Infelizmente é o que alguns "hinos" fazem. "Me dá, eu preciso, eu quero, eu determino". Um hino que acho maravilhoso por exemplo diz apenas: Aleluia, aleluia, poderoso é o Senhor nosso Deus, santo, santo, é Senhor poderoso, digno de louvor, digno de louvor." enfim, simples, puro. E apenas um exemplo, mas e o que devemos fazer: Adorar.
ResponderExcluirOla irmão anônimo, olá Alex, graça e paz,
ResponderExcluirPois é irmãos, vcs entenderam perfeitamente a questão central.. adorar é exaltar a Deus, o resto possui outro nome...
Graça e Paz! parabéns pelo blogger, gostaria de saber se posso utilizar as suas análises aprovadas em meu programa de radio? meu programa tem o objetivo de tocar somente musicas cristãs com unção, qualidade, arte e cristocêntricas. Por exemplo: antes de tocar a musica Alguém como eu - Luiz Arcanjo, faria uma locução utilizando sua análise da musica sitando a fonte e créditos do autor e na sequencia tocando a musica.
ResponderExcluirAbraços,
Wanderson Rodrigues
Programa Espaço Vida Plena
Olá Irmão Wanderson, paz.
ResponderExcluirVocê pode ficar a vontade para utilizar tanto as análises quanto os textos do blog da forma como desejar, pois a minha idéia é anunciar Cristo e as coisas de Cristo...
Deus te abençoe sempre...
Somente comentários ofensivos serão moderados. Discordar de mim não é pecado, então discorde à vontade.