Por Ruy Cavalcante

Por falar em características de nossa geração, outra bem clara é a nossa inclinação para festas, comemorações e eventos. Como gostamos de uma folia gospel!

Estes dias está sendo anunciada em minha cidade a “Noite dos arrebatados – A festa”, mais uma reunião com o único propósito de levar os jovens, como eu, a dançar, pular e se divertir.

Na verdade, mais parece que estamos apenas tentando substituir as “curtições” seculares por “farras gospel”, que, embora possuam o mesmo propósito (entretenimento) não nos deixam com peso na consciência simplesmente por não haver bebida alcoólica e músicas “mundanas”. E as diferenças param por ai.

Outro dia fui testemunha de uma cena terrível: várias pessoas, algumas crentes em Cristo e outras não, achando engraçado um grupo de cinco mulheres, sendo três crianças, tremendo ininterruptamente por causa do frio, uma vez que estavam sem agasalho, catando lixo. Conseguimos nos divertir até mesmo com a desgraça alheia! Um absurdo.

A titulo de curiosidade gostaria de citar mais algumas festas gospels que tive o desprazer de me deparar: “Noite do homem aranha, quem conhece a Bíblia não desgruda nunca mais”, “Festa equilíbrio – Adoradores extravagantes”, “Days of terror (!?)”, “Ekilibrio fest, a Festa”, e por ai vai.

Isso tudo sem contar nossos congressos, em especial os da juventude, e, em boa medida, nossos cultos. Todos são verdadeiros encontros para entretenimento.

Mas a pergunta que eu gostaria de fazer é: O que estamos comemorando, qual o motivo de tanta festa, de tantos sorrisos?

Eu sei que fomos alcançados por Cristo, que através dEle somos mais que vencedores e que alcançamos a salvação de nossas almas. Mas será que isso me dá o direito de iniciar já agora a comemoração enquanto nossos pais, irmãos e amigos ainda não foram alcançados pelo Evangelho e estão morrendo todos os dias sem o caminho da salvação? Será que posso comemorar enquanto neste exato momento milhares de pessoas, aqui mesmo no Brasil, sofrem em consequencia de enchentes, do frio e da violência?

Será que o momento é de comemorarmos ou de trabalharmos para que eles sejam alcançados por Cristo? Ou por acaso o fato de eu “me dar bem”, significa que nada mais importa, nem mesmo a salvação de meus parentes e amigos, e o que eu preciso mesmo é de festa?

Irmãos, Deus não nos salvou para podermos nos divertir sem sentir culpa, pelo contrário, Ele o fez para sermos seus servos, e para que levássemos adiante o Reino dEle aqui na terra, anunciando o Evangelho Genuíno de Jesus Cristo, a sua obra e a sua salvação através da Cruz e para que fossemos agentes sociais para amenizar a dor dos que sofrem.

O momento é de arregaçar as mangas e pregar o evangelho (Mc 16:15), servir a Deus e as pessoas (Mc 10:44) que necessitam de nós, negando os nossos desejos pessoais em favor de obedecer à vontade de Deus (Mc 8:34) e buscando não o que é proveitoso para nós mesmos, mas o que traz proveito aos outros (I Co 10:24).

Agindo dessa forma, chegará o dia em que vamos comemorar, festejar e nos alegrar eternamente, mas desta vez será ao lado do Cordeiro.

Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”. (Ap 19:6-9)
Até que esse dia chegue, precisamos esquecer um pouco de nós mesmos. Pense nisso, mas pense de verdade...