Por Ruy Cavalcante

Olá, meu nome é Igreja e gostaria de me falar algo...

Tenho me observado nos últimos dias e percebi que meu discurso anda meio estranho. Estranho porque não parece que estou conseguindo usá-lo para anunciar que ainda existe uma solução para o mal, pelo contrário, meu discurso está gerando ainda mais ódio e não foi assim que aprendi com Cristo.
Como exemplo mais recente, posso citar a forma como tenho conduzido a discussão sobre o homossexualismo e a PL 122. Não consegui gerar debate, mas embate. As pessoas não estão meditando no que Cristo ensina através desta minha guerrinha, antes estão construindo a cada dia um muro maior de frustração entre elas e eu. Mas sinceramente, eu não entendo porque apontei todas as minhas armas para o homossexualismo, se dentro de mim existem órgãos tão doentes.
A verdade é que eu estou cada dia mais hipócrita.
Quantas vezes eu não me pego em flagrante prostituindo-me? Quantas vezes abandono as necessidades de meus membros que considero menos honrados, para buscar a satisfação de membros superiores, especialmente minhas mãos, olhos e língua? Isso também não seria pecado? E quantas vezes tenho traído meu noivo, trocado seu amor por bajulação, riqueza, unção, poder e vitória?
Eu sei que minha convicção contra a prática homossexual é bíblica, mas é tão bíblica quanto a aversão que Deus sente pela falta de perdão que eu cometo todos os dias.
Não sei, eu só acho que se eu amasse mais, até mesmo os homossexuais seriam contra a tal PL, pois eles não abririam mão de um amor verdadeiro por uma prática não tão boa assim ou, pelo menos, pensariam melhor a respeito.
Poxa, será que eu não enxergo que eles, os homossexuais, estão me odiando cada vez mais? De que maneira eles irão desejar o nosso Deus se, em nome dEle, criamos uma guerra de acusações? Na verdade eu acho que tenho muito que acusar a mim mesmo antes de começar a acusar os outros.
Se for para entrar numa guerra, espero que eu escolha uma guerra contra mim mesmo, contra meus próprios erros antes que todos virem-me as costas.
Melhor seria eu passar fome, nudez e não ter nenhuma porta aberta nem promessa sobre minha vida do que me faltar amor para dar ao pecador, pois eu sou o maior deles.
Todo dia eu busco honra e poder, desejo unção, determino vitória, mas não busco ser cristão.
Eu tenho pena de mim se eu continuar assim...