Por Ruy Cavalcante

Ultimamente andei observando alguns de nossos ministérios eclesiásticos. Infelizmente fiz algumas constatações pessoais não tão positivas, dentre elas percebi claramente como o pragmatismo tem dominado boa parte de nossas ações. 

Claro, isso não é nenhuma novidade, pois há tempos começamos a desconsiderar a verdade para dar lugar ao que é eficaz, mesmo que isso não esteja lá muito de acordo com a vontade de Deus, expressa em sua Palavra. Graças a Deus existem inúmeras exceções a esta regra, e eu tenho conhecimento de algumas. 

Porém, mais do que falar sobre pragmatismo, gostaria de falar sobre algo que observei e que me deixou ainda mais preocupado, especialmente quando me deparei com o seguinte texto da epístola aos gálatas: 

Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo”. (Gl 1:10

Vou direto ao ponto. Não obstante este alerta de Paulo, a verdade é que na grande maioria das vezes, planejamos nossos ministérios eclesiásticos (aqueles cujo serviço são executados diretamente através da congregação) de forma que eles se tornem agradáveis às pessoas, especialmente aos visitantes, aos quais nutrimos a esperança de que passem a fazer parte de nossa congregação. 

Pude observar, por exemplo, músicas do repertório dos cultos sendo escolhidas, tendo como princípio norteador a aceitação das pessoas. Se acreditarmos que a melodia será atraente, dançante ou que “tocará” o coração delas, incluímos determinada canção, do contrário será descartada. Pouco ou quase nada é levada em consideração a letra da canção, se esta glorifica ou não a Deus, se agradará ou não a Ele. 

O mesmo acontece na escolha dos temas das pregações, buscamos aquelas que serão bem recebidas pelas pessoas e se atenderão às suas expectativas. Muitas vezes nem mesmo verdades básicas do Evangelho são levadas em consideração, o importante é atrair pessoas para a igreja. Fazemos o mesmo com o teatro, com os temas das escolas bíblicas (quando elas existem), inclusive criamos ministérios que servem exclusivamente a este propósito, como é o caso dos ministérios de dança que, se não possuírem caráter evangelístico, apenas atendem ao propósito de “enfeitar” o culto, agradando e entretendo aqueles que participam do mesmo. 

Ora, essa atitude se constitui num tremendo engano, para não chamar de engodo. Tudo o que fazemos, quer comamos, quer bebamos, quer façamos qualquer outra coisa, deve ser feito para honra e glória de Deus (1Co 10:31). Dessa maneira, aos escolher uma canção, devemos levar em consideração tão somente se Deus se agradará dela. 

Mas como saber se será do agrado de Deus? 

Simples, quando for bíblica, quando em sua essência (letra) glorificar a Deus com verdades e com expressões verdadeiras de adoração. Da mesma maneira devemos agir com as outras coisas. Tudo em nossa vida, em especial naquilo que envolve a Igreja, deve ser feito e escolhido de forma que agrade tão somente a Deus. Se ao agradar a Deus as pessoas também se sentirem agraciadas ótimo, do contrário ficamos sempre com Deus. Essa deve ser a postura de todo cristão que exerce funções ministeriais. 

Devemos tomar cuidado de não sermos encontrados buscando agradar a homens e, em consequência disso, sermos surpreendidos por Deus quando disser: Apartai-vos de mim, pois nãos vos conheço. 

Paulo deixa isso bem explícito ao alertar que, se estivesse buscando agradar pessoas, na verdade não seria um servo de Cristo. 

Penso que este não seja um problema tão difícil de resolver, pois tenho absoluta convicção de que, a exemplo do que acontecia com os romanos (Rm 10:1-2), a maioria das pessoas que agem dessa forma agem com sinceridade diante de Deus, acreditando que seja uma postura correta. Porém estão enganados e isso pode leva-los a encontrar uma justiça falsa, assim como estava acontecendo com os romanos, motivo pelo qual Paulo decidiu escrever a respeito. 

Atente-se a isso, organize e planeje seu ministério de forma que seja agradável a Deus, mesmo que isso não gere tantos frutos assim. Lembre-se, o Evangelho continua sendo loucura para o mundo, você não precisa ficar preocupado se a pregação dele não estiver causando um crescimento explosivo, pois é Deus quem dá o crescimento (1Co 3:6). 

Nem sempre o que é eficaz é a coisa correta a se fazer. Pense nisso. 

Deus abençoe a todos nós.