Por Ruy Cavalcante
Já escrevi algumas vezes aqui no blog sobre as características
de nossa geração e resolvi voltar a este tema hoje. Desta vez falarei sobre um
crescente grupo de evangélicos, que pessoalmente considero talvez piores até
mesmo que os falsos profetas, se isso for possível.
Refiro-me àqueles que, pela necessidade de serem aceitos
por todos e/ou pelo desejo de fazerem sucesso, agem como verdadeiros camaleões
espirituais, modificando-se constantemente a fim de se adaptarem em qualquer
ambiente, mesmo que para isso necessitem mudar, mais do que as roupas, até
mesmo suas bases de fé.
Estes sem nenhum constrangimento declaram-se reformados
quando estão numa igreja reformada, concordando com tudo, dizem que aquilo é
maravilhoso, declaram amor pela escritura e dizem estar tristes pela situação
de parte da igreja que abandonou a palavra de Deus para crer em fábulas.
Mas se visitam uma igreja neopentecostal (e estas
constantes visitas em diferentes igrejas acontecem muito, especialmente com
pregadores, grupos de louvores e grupos de jovens), entram no clima,
testemunham que estão sentido algo tremendo, profetizam e determinam, fazem de tudo
para se parecer com eles e para mostrar que concordam com tudo que ocorre lá
dentro. Temem parecer frios aos olhos daqueles crentes “avivados”, e dessa
forma jamais serem convidados novamente.
Fazem a mesma coisa em cada igreja que visitam, independente
do que se pratique lá dentro, pois a necessidade e o desejo de
"vencer" é maior que tudo. Há tempos estes irmãos foram contaminados
com a semente da confissão positiva e da teologia da prosperidade, com suas
atraentes promessas de triunfo nesta terra, e com medo de não alcançarem estes
frutos desejosos, ou por pura necessidade psicológica de atenção, relativizam a
verdade, omitem-se dela ou simplesmente a ignoram.
Na verdade são uma legião de covardes e não se importam
com nada além deles mesmos, não se importam nem mesmo com Deus.
Preciso falar algo a estes irmãos: Paulo alertou Timóteo de que todos os que desejam, e vivem, piamente em Cristo, ou seja, de forma
verdadeira, justa e fiel a Cristo, sofrerão perseguições (2 Tm 3:12), e isto
inclui não serem bem recebidos em muitos lugares e, infelizmente, em muitas
igrejas (aqui me refiro a igreja física, organizada).
Isso não é motivo de vergonha, mas sim de intensa felicidade!
O próprio Senhor Jesus afirmou isso, quando diante de uma multidão declara:
“Bem-aventurados serão vocês, quando os odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a recompensa de vocês no céu. Pois assim os antepassados deles trataram os profetas”. (Lc 6:22-23)
Não tenham medo, não sejam covardes, não temam perder! Nossas aparentes derrotas ocasionadas pela firmeza na verdade do Evangelho são um acúmulo de vitórias onde de fato elas fazem sentido, no Reino de Deus!
Não se trata de saírem por aí contendendo com
todos por discordâncias teológicas, se trata de agir sempre em conformidade com
a verdade, mesmo que a dano próprio. Ninguém normal deseja ser perseguido, não
conheço cristãos genuínos que busquem perder amigos ou anseiam por ouvir uma
congregação dizer que eles não são bem vindos por lá. Certo é que, no que depender
de nós, devemos ter paz com todos (Rm 12:18). Mas a verdade não depende de nós,
não temos escolha diante dela, ou pregamos e vivemos a verdade, ou toda nossa
vida é uma farsa, e no último dia daremos conta de toda mentira e falsidade que
praticamos. Agir assim, com tanta inconstância, omissão e dissimulação é pecado.
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