Por Ruy Cavalcante
Em minha graduação em teologia, meu professor de ética pastoral era contra sistemas éticos (não me perguntem por que ele era o professor, realmente não entendo até hoje). Ele considerava que a ideia de se ensinar sobre ética cristã, ou qualquer outra, trata-se tão somente de um doutrinamento, uma forma de limitar a liberdade do indivíduo. Para ele não havia diferença entre ética cristã, usos e costumes e autoritarismo.
Bom, talvez sua aversão à ética explicasse suas atitudes em sala de aula, por vezes esbravejando e proferindo ofensas quando se sentia incomodado, intempestivo, além de algo curioso: ele aparentava odiar cestos de lixo, pois sempre que perdia a linha, chutava-o com violência. Não à toa seu apelido entre nós do fundão era “chuta-balde”.
- Silêncio, lá vem o chuta-balde. Murmurava o líder da classe (rsrs).
Discordo solenemente do posicionamento do caro professor. Pessoalmente penso que a antipatia aos princípios da ética cristã é, na verdade, fruto do relativismo moral em que nossa sociedade vive, pelo qual a igreja se permitiu contaminar. E não é de se admirar, pois conforme venho denunciando continuamente aqui mesmo no Blog, nas redes sociais, e por onde o Senhor me leva, a igreja (não a Igreja santa e imaculada, mas a conglomeração de crentes) vem se afastando gradativamente das verdades bíblicas, ocasionando que os recém “convertidos” se desenvolvam sem conhecer valores como a honestidade, verdade, sinceridade, integridade e abnegação em favor do próximo.
Humanismo, antropocentrismo e hedonismo são princípios que tem norteado a vida de muitos daqueles que professam ser cristãos, transformando a ética apenas numa “armadilha” para que eles não alcancem seus objetivos egoístas. Nada poderia ser mais contrário ao Evangelho de Cristo.
Ao bem da verdade, ética cristã não é algo que se possa ensinar em livros ou através de artigos como este, pois trata-se de uma consequência direta da santificação do crente, obra esta que é executada por Deus (Fp 1:6), em todos, absolutamente todos, aqueles que foram alcançados por sua Graça, a ponto de se tornarem de fato, cristãos. Não há relativismo nem meio termo aqui, ou sou cristão, e mediante isso tenho ética, ou o fato de não possuí-la revela que não sou cristão.
Dessa forma, a ética cristã é sim uma lista de regras, porém não escritas em livros, nem talhada em pedras, mas escrita na mente e no coração daqueles que foram regenerados (Jr 31:33). Não tento aqui ignorar que fora do cristianismo existe ética, sobre isso a explicação é simples: Graça comum (Tg 1:16-17). Em outra oportunidade falaremos mais sobre esse tema.
Enfim, a igreja evangélica vive uma grave crise ética. A todo instante lemos e ouvimos notícias de escândalos dentro da igreja, ou praticada por aqueles que dela fazem parte. E o pior é que muitos sequer dão-se conta disso, consideram um quadro normal, culpam o diabo, mas nunca assumem a própria responsabilidade. Relativizam o pecado, blindam de criticas os líderes carnais e hedonistas. Ensinam o erro deliberadamente.
A solução é o que muitos irmãos (porém poucos, se comparados a quantidade total de evangélicos) já têm apresentado mundo afora: Voltar ao Evangelho Puro e Simples. É sendo alcançado pelo Evangelho de Cristo, puro, santo e perfeito que o ser humano será liberto de seu próprio mal, o que o tornará apto a vencer o pecado e agir como cristão santo, ético, restaurado e disposto a ser sal e luz para os de fora, para aqueles que mesmo sem conhecer, tem sede de Cristo, mas que não tem tido oportunidade de ter essa sede saciada, pois estamos preocupados demais com nosso próprio bem estar.
As cinco virgens prudentes alertam as que estão loucas: Acordem! Encham de azeite suas lâmpadas! O noivo está próximo!
Que Deus tenha misericórdia da igreja evangélica.
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