Por Ruy Cavalcante
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Eu não chego a ser tradicional em relação à Bíblia a ponto de considerar sacrilégio esquece-la no banco da igreja ou sentar em cima da mesma para não sujar a calça, entretanto estou longe de vivenciar, de qualquer forma, algum ramo da teologia aberta ou de considerá-la apenas mais um livro que fala de Deus. Para mim ela é viva, eficaz e essencial para a vida de todo o Cristão e deve ser estudada e vivida em sua plenitude.

Porém, penso que ela deve ser estudada e vivida numa perspectiva unicamente bíblica. Parece algo redundante o que acabei de escrever, “viver a bíblia numa perspectiva bíblica”, e seria realmente caso a realidade em que vivemos não estivesse cada dia mais distante dela. Às vezes me sinto um herege por tocar nesse assunto, e dessa forma muitos me enxergam de fato, afinal de contas, como pode alguém como eu falar que a igreja não vive dentro de uma realidade bíblica? Como eu posso julgar os outros assim? Graças a Deus já fui “vacinado” contra isso, e o enfermeiro foi Cristo.

Infelizmente, a nossa perspectiva bíblica é humanista e egocêntrica e nos incomoda muito pensar de outra forma. Pelo bem da ética vou generalizar a partir deste ponto. Quando “nós”, cristãos evangélicos “pós modernos”, lemos a bíblia, pouco nos importa o que ela quer de fato dizer, mas sim o que aquilo pode me ser proveitoso.

Por exemplo, não importa o fato de na bíblia não encontrarmos exemplos de ministérios de louvor, especialmente dentro da nova aliança, e que eles, até por não existirem, não cobram para adorar, pois o importante é que a onda é essa, e para um ministério ser alavancado ele precisa de músicas legais que encham de prazer o ego de seus ouvintes, recheando os seus cofres e o de suas respectivas igrejas, mesmo que no fundo todos saibam que a vida de ninguém está sendo transformada por isso.

Não importa se o texto de Mateus 6:33 possui o pronome demonstrativo “estas” em sua composição, pois, se o incluirmos nas pregações, nossas igrejas se esvaziarão de todas as pessoas que estão em busca das promessas neopentecostais, ou seja, ficarão vazias e sem o bendito dízimo.

Infelizmente parece que pensamos que, não importa o que Cristo ensinou, Ele pouco sabia de nossas necessidades, pois o importante mesmo é sermos reis e rainhas, conquistadores e senhores. Deixa esse “lance” de ser servo para os discípulos dEle, nós queremos mesmo é baal...
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Para deixar bem claro, o que estou dizendo é que não importa o que eu penso ou quero quando medito na Palavra de Deus, pois ela trata do que Ele quer, não do que eu desejo que Ele queira.
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Pronto, falei.
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