Série: Cristão Radical – Introdução



Por Ruy Cavalcante

Nos últimos anos vêm se multiplicado no Brasil vários grupos que se intitulam radicais da fé. "Crentes radicais", "profetas radicais", "jovens radicais" e "loucos por Cristo" são alguns nomes pelos quais são conhecidos. A maioria deles são formados por jovens cristãos, sinceros (acredito eu) e cheios de disposição.

Até aí nada de estranho, afinal a simples atitude de se tornar um cristão num mundo que odeia Cristo, já pode ser considerada uma atitude radical. Viver o Evangelho, negar a si mesmo, tomar nossa Cruz e sofrer as aflições de Cristo são consequências e deveres de quem trilha este caminho. Essa é sim uma atitude extremada.



Entretanto não é bem isso que se observa em tais grupos. Há algo em comum à maioria deles, a saber, sua relação com o seguinte texto bíblico:
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. (1Co 1:27)
Em geral este texto é interpretado de maneira a dar fundamento para que eles ajam “loucamente”, extravagantemente, dando total vazão a suas criatividades na hora de realizar os procedimentos e ordenanças bíblicas relacionadas ao culto, ao evangelismo e demais serviços cristãos/eclesiásticos. Nada muito além disso, e sempre com essa justificativa, a de que Deus usa as coisas loucas para realizar sua obra.

Porém o texto nem de longe diz isso. Vejamos toda a perícope:
Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. (1Co 1:18-27 – Grifo meu)
Mesmo numa análise superficial, sem tantas preocupações exegéticas, podemos facilmente perceber que ao afirmar que “Deus escolhe as coisas loucas para confundir as sábias”, Ele está falando da Sua Palavra, do Seu Evangelho, loucura para os gentios e para os que estão perecendo. Não há nenhuma forma responsável de se observar este texto e compreender que tal loucura se trata de atitudes nossas, pessoais, de forma a criarmos todo o tipo de “doidice” com a justificativa de fazer a Obra de Deus. 

Posto isso, inicio esta semana uma série de 8 (oito) artigos, baseados no livro “O discípulo Radical”, de John Stott (e obviamente na bíblia), tentando dar a minha contribuição para que tenhamos uma correta compreensão do que significa ser, de fato, um cristão radical, deixando claro que não sou contrário a tais ajuntamentos, desde que existam fundamentos claros e verdadeiros, e que se entendam as consequências de se tomar a atitude mais extrema possível, que é ser um discípulo de Cristo, pois como dizem as Escrituras:
E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”. (2Tm 3:12)
Então é isso, aguardem o primeiro tópico intitulado "Inconformados", e que Deus abençoe a todos nós.

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6 Comentários

  1. Concordo com tudo, entretanto devemos levar em consideração que Jesus não agia dentro da convencionalidade e que muitos de seus atos pareciam loucura. Vejamos o texto bíblico do evangelho de João capitulo 9. " Ao passar, Jesus viu um cego de nascença.
    2 Seus discípulos lhe perguntaram: "Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?"
    3 Disse Jesus: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.
    4 Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar.
    5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo".
    6 Tendo dito isso, cuspiu no chão, misturou terra com saliva e aplicou-a aos olhos do homem.
    7 Então disse-lhe: "Vá lavar-se no tanque de Siloé" (que significa "enviado"). O homem foi, lavou-se e voltou vendo". A forma como Jesus operou esse milagre, para mim, parece algo louco e até extravagante, tendo em vista que ele poderia simplesmente ter falado: "ser curado" como em muitos outros milagres operados por ele.
    Penso Mestre Ruy, que há casos é casos e que é necessário ter muito cuidado com alguns atos, até para não servir de mau testemunho para algumas pessoas, mas também penso que há situações que o Senhor nos permitir agir de forma louca e extravagante.

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  2. Mana, não há como comparar os atos de cristo com extravagancia ou loucura, no sentido "maluco" da expressão. Primeiro pq estamos falando de Deus, Jesus é Deus, a atitude dele foi de cura, o modo como curou não tem nenhuma relação com trabalhos eclesiásticos, com culto, com evangelismo, pregação do evangelho ou coisas afins... não se encontra nenhum exemplo, por menos que seja, de Jesus agindo de forma transloucada ao pregar o evangelho, discipular, cear, batizar, etc...

    Não se pode, de forma alguma, atribuir esse modo que Ele utilizou para curar o cego, a alguma extravagância, mesmo pq o texto de Corintios é claro, a loucura do qual ele fala, é a pregação do Evangelho, o Evangelho é a loucura, não a forma de prega-lo.. todos na bíblia pregaram de forma absolutamente clara, direta, enfática e normal.

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  3. Mas não se preocupe, aprenderemos o que é ser radical ehehehhehehe

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  4. Cristo era o modelo de amor incondicional.

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  5. Cristo era o modelo de amor incondicional.

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