Movimento "Voltemos ao Evangelho Puro e Simples" na Expo Gospel Acre


Por Ruy Cavalcante

No último final de semana foi realizado a 3ª Expo Gospel Acre, evento inspirado na Feira Cristã de São Paulo, e que toma dela também o seu caráter puramente comercial. Durante algum tempo vinha pensando o que eu poderia fazer em favor da “conspiração” que decidi participar, em favor do Evangelho Puro e Simples, com o tema “Voltemos ao Evangelho”, movimento este que conta com a participação de vários irmãos Brasil afora, muitos dos quais considero verdadeiros amigos, embora estejamos a milhares de quilômetros de distância, donde destaco os mineiros, sem citar nomes para não ser injusto, pois todos tem me ajudado bastante com conselhos, inspirações, orações e exemplos.

Infelizmente os irmãos que vinham me acompanhando nessa luta por aqui estão (espero que momentaneamente) impedidos por questões de cunho pessoal, o que dificultou ainda mais os planos para a realização de protestos e esclarecimentos referente ao Evangelho de Cristo.

Pois bem, pensei então em vestir minha camiseta do movimento, me munir de uma câmera emprestada, e ir pra lá na esperança de ser indagado por alguém, e começar a falar a respeito de tudo o que tem afrontado as verdades do Evangelho, de como eventos como esse fomentam essa deturpação, quem sabe receber um empurrão, um pescotapa e virar mártir (rsrs bricadeirinha).

Foi então que a faculdade de teologia onde leciono, aqui mesmo em Rio Branco, propôs aos organizadores do evento a realização de um debate, com o tema “Igreja e Sociedade, desafios para o século XXI”, para discutir sobre o que a igreja pode fazer em beneficio da sociedade de maneira prática, e o porquê de não estar conseguindo fazer isso. A ideia foi aceita, entretanto os organizadores não permitiram que a faculdade escolhesse os preletores, tomando para si essa função. Por motivos óbvios, eles convidaram apenas políticos da bancada evangélica para participar da mesa e responder as perguntas dos inscritos no debate.

Claro que eu me inscrevi, e comecei a elaborar perguntas que pudessem trazer a discussão para o que eu considerava cerne da questão, que é o fundamento pelo qual boa parte dos evangélicos tem “aderido” à igreja cristã, o falso evangelho da prosperidade, do triunfalismo barato, do medo e dos sinais, doutrinas estas que não tem poder algum contra o pecado, e que causam esse estado de letargia na igreja cristã, tornando-a estérea e incapaz de transformar a realidade espiritual e social (no quesito cidadania) sequer de seus próprios membros, que dirá da sociedade em geral.

Mas Deus tinha outros planos.

O debate estava agendado para a sexta feira, dia 30 de agosto, às 19:00hs. Por volta de 17:30, uma hora e meia antes do evento, eis que o diretor da faculdade me liga, dizendo que dos três preletores, dois estavam viajando e sequer comunicaram aos organizadores. São eles a Missionária e Deputada Federal Antônia Lúcia Camara, e o Pastor e Deputado Estadual Jamyl Asfuri. Somente o Pastor e Deputado Federal Henrique Afonso confirmara a participação. O diretor me disse que havia tentado contato com algumas pessoas, a fim de que composse a mesa em substituição aos faltosos, sem êxito, e que por isso estava me ligando, pedindo que eu “quebrasse esse galho”, participando do debate como um dos preletores. Claro que eu aceitei.

Rapidamente juntei alguns textos e informações, e me preparei pra responder as perguntas que eu mesmo havia elaborado, só faltava pensar numa forma de ser indagado sobre elas, ou de introduzir este assunto.

Bom, como todo seminário e/ou debate envolvendo político, houve muita embromação, mas me surpreendi positivamente com o posicionamento do Deputado Henrique Afonso, pois além de não soltar as pérolas doutrinárias costumeiras nesse tipo de situação, também não tentou transformar o debate em palanque, fica então registrado meu elogio a ele.

Entre uma fala e outra, ele levantou a bola, sem goleiro, e disse chuta! Isso aconteceu quando ele, ao falar sobre os motivos pelo qual a igreja não tem conseguido exercer bem seu papel social, afirmou que isso se dava pelo fato de ela vir sofrendo muitos ataques externos, tanto filosóficos quanto políticos. Ao término de sua defesa, pedi a palavra e chutei a bola, ou seja, falei que esse problema existe, mas o fundamento é outro.

Daí claro, parti para a defesa do Evangelho, tentando também mostrar que essa letargia é gerada por nós mesmos, ao fazer do evangelismo uma simples estratégia proselitista, formando crentes não moldados pelo evangelho verdadeiro, identificados com a igreja, mas não com Cristo, desejosos de se dar bem, mas não de fazer o bem, consequência direta do “evangelho” da barganha que tem sido oferecido a eles. Isso também explica o porquê de haver evangélicos figurando em praticamente todos os escândalos políticos no Brasil, dentre tantas outras questões. Empolguei-me, falei tudo, falei alto, parecia o Marco Feliciano quando o som do teclado acelera J.

No início estava bem apreensivo, confesso, com dor de barriga inclusive. Achei que seria convidado a me retirar, mas nada disso aconteceu. As pessoas gostaram do que ouviram, me parabenizaram, bateram palmas. Ao final fiquei mais de uma hora em conversa informal com alguns dos presentes, que me indagavam sobre vários assuntos apologéticos. Recebi convites para outros debates, inclusive para uma tribuna cristã, que o Deputado diz ocorrer na Assembleia Legislativa, algo que eu tinha total desconhecimento.

Mas isso não me deixa feliz. Já recebi palmas outras vezes, em outros locais, por causa do mesmo discurso. Já recebi convites, tapinha nas costas, já pediram meu telefone, meu e-mail, mas ao passar de uma semana, todos os que elogiaram estavam praticando as mesmas coisas que eu havia criticado, seja por covardia, temendo perder espaço em suas igrejas, perder salários, seja porque simplesmente exerceram a política da boa vizinhança comigo.

Aliás, mesmo tendo essa oportunidade, fiquei triste, pois a liderança que eu torcia que estivesse lá não estava, pois haviam boicotado o evento, como sempre fazem quando não participam do comitê organizador. Tudo por aqui é um jogo político, especialmente entre as grandes igrejas, e eu pude observar isso nas entrelinhas.

A esperança é que dessa vez os jovens que estavam presentes possam ao menos repensar sua fé, avaliar tudo o que foi dito e se tantas informações fazem sentido, se podem ser confirmadas com a Palavra Infalível de Deus. Quem sabe os mais velhos e experientes também possam fazer isso. Não havia tantas pessoas lá. Entre inscritos e organizadores presentes talvez somassem 80 pessoas na sala ambientada para o debate, muitas das quais eram alunos da própria faculdade, mas todos participam ativamente de suas congregações. Deus sabe o que faz e, se Ele quiser, trabalhará no coração deles como tem trabalhado no meu, me cobrando continuamente, exigindo cada dia mais zelo pela sua Palavra, me moldando, me perdoando.

Como estava só não pude filmar nem tirar fotos, mas voltei um dia depois para fazer algumas imagens. Porém a feira foi um fracasso total, pois como disse anteriormente, as grandes igrejas boicotaram a feira, portanto não houve muita coisa importante para registrar.

No mais, apenas comércio, sincretismo e inutilidades.

Dessa forma encerro pedindo oração aos irmãos pelo meu Acre querido, o Estado da federação mais neopentecostal de todos, proporcionalmente ao número da população. Orem por misericórdia, orem para que Deus levante homens e mulheres com coragem para se erguer contra toda afronta ao Evangelho de Cristo, e com um coração disposto a amar, perdoar e ensinar sobre Cristo com sua própria vida.

Deus abençoe a todos.

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1 Comentários

  1. Na verdade alguns de nós ainda falam de Jesus, mas clamam por Barrabás.
    Hoje não estamos subjugados pela Roma dos Césares, mas por um sistema perverso onde eclodem os mais terríveis escândalos. Licitações fraudulentas, desvios de verbas públicas, saúde aos frangalhos, compra de votos de parlamentares, etc.
    E nesse cenário muitos crentes esperam, ainda, por um líder revoltoso e revolucionário, capaz de medir forças com representantes de um sistema cruel, que explora uma gente sofrida e esperançosa. E esses líderes têm surgido, acreditando até serem novos Elias contra novas Jezabel e novos profetas de Baal ou novos Josué contra novas Jericó, entretanto certas marchas, certas passeatas, certos atos proféticos, certos moveres, etc, denotam não haver mais espaço para Josué ou Elias, mas para Barrabás, e este nos braços de sua gente, conquistando ativos políticos.
    Em algum momento esse povo estará diante de dois caminhos e a história, sendo cíclica, poderá nos mostrar novamente a seguinte escolha:
    Dê-nos o herói Barrabás.
    Crucifica esse messias com suas ideias de paz, mansidão e temperança.

    Valdir Rocha

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