Consequências do Neopentecostalismo (o Pragmatismo) - Série Nova Reforma

Por Ruy Cavalcante

Considerando o que vimos no artigo anterior, e com todos os problemas que surgem pela falta de uma base doutrinária sólida, bíblica e ortodoxa, não é motivo de espanto que a concepção do que seria a ‘verdade’ fique comprometida dentro das igrejas neopentecostais. Tende-se então a considerar como verdade aquilo que funciona, ficando assim o conhecimento fundamentado na experiência pessoal, naquilo em que a ação do indivíduo leva a resultados positivos.

A isso a filosofia chama de pragmatismo. Dessa forma a igreja adepta do movimento neopentecostal, à medida em que abandona sistemas doutrinários ortodoxos, ajunta para si conceitos filosóficos e atribui a eles a responsabilidade de condução dos rebanhos. Os pragmáticos geralmente defendem que a importância de uma ideia deve ser medida pela sua utilidade ou eficácia para lidar com um dado problema e isso é bem característico para os adeptos da teologia da prosperidade. Ora Todos sabemos que há preocupações práticas que devemos considerar, mas o pragmatismo é uma filosofia que empurra para a periferia uma série de princípios fundamentais e elege, como único fator relevante, a questão:  “Isso funciona?”[1].

Em Rio Branco este pragmatismo exacerbado fica bastante evidente. É bem claro no dia a dia da cidade a forma como os sistemas religiosos evangélicos tem sido, no decorrer dos anos, orientados a resultados. Desde as pregações, em sua maioria constituindo-se apenas num emaranhado de frases de efeitos, motivacionais, anunciando promessas de vitórias, prosperidades, passando pelas canções entoadas nos cultos, congressos e seminários, todas elas direcionadas ao crescimento, ao que o povo deseja ouvir, àquilo que os manterá firmes em suas decisões de participar de um congregação.

Dessa forma vemos diariamente, poe exemplo, o anúncio de festas gospeis  com objetivo único de promover entretenimento ao jovem cristão, numa clara substituição dos prazeres mundanos por um prazer “santificado”, por assim dizer, bem diferente da ordem de auto negação imposta por Cristo aos seus seguidores (Mateus 16:24). Também é possível observar claramente nas rádios locais, que grande parte da programação serve apenas para massagear o ego dos ouvintes, uma vez que é exatamente isso que o povo gosta de ouvir, independentemente se o que se ouve é uma verdade bíblica ou não. O importante é que “isso funciona”, e a prova é o crescimento das igrejas e da audiência das rádios evangélicas locais.

Além disso são promovidos constantes seminários e congressos em Rio Branco, em sua grande maioria para tratar de assuntos periféricos ao Evangelho, como prosperidade financeira, curas espirituais, experiencias sobrenaturais, adorações proféticas e tudo o mais que for identificado como agradável à população, para que esta decida fazer parte da “classe dos evangélicos”, tornando-as pessoas com grande identificação com as igrejas, mas com pouca ou nenhuma identificação com Cristo.

Enfim, hoje em Rio Branco, vivesse um momento crítico, do ponto de vista da igreja protestante, uma vez que a maior parte da comunidade cristã evangélica é adepta do movimento neopentecostal, e tem conduzido suas estratégias de evangelismo de maneira que sejam atraentes não pelo Evangelho puro e simples, mas pela ilusão que promessas vazias e antibíblicas causam na população, pois é isso que tem funcionado, tanto que a igreja tem crescido numa proporção jamais vista, e a menor crítica a esse pragmatismo é considerada uma tentativa satânica de impedir o progresso da igreja. Não importa mais o que é certo, mas sim o que dá certo, e estas estratégias têm sido canonizadas pela população evangélica rio branquense.



[1] HORTON, Michael. Pragmatismo religioso. Publicado na Revista O Presbiteriano Conservador, na edição de Maio/Junho de 1997.

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