Manual do usuário cristão

Por Ruy Cavalcante

Uma frase que ouço bastante no meio evangélico é: A Bíblia é o nosso manual de prática e fé.

Porém, quando olho para a prática e para a fé dos cristãos à minha volta, e por vezes para a minha mesmo, isso não parece ser algo tão absoluto assim.

É incrível como temos dificuldade de aceitar aquilo que é bíblico, como perdoar as ofensas todas as vezes que elas ocorrerem, merecendo o ofensor ou não, como buscar servir e não ser servido, como cultuar a Deus diligentemente sem buscar um retorno material por isso ou como pregar apenas o Evangelho de Cristo, sem “agrotóxicos”.

Em contrapartida, como é fácil seguirmos doutrinas e ensinos extra-bíblicos. Dúvida?

Então procura na bíblia expressões como: “Ato profético”, “palavra profética”, “determine a cura”, “tome posse da benção”, “Não deixe o diabo roubar a tua benção”, “Crente não conhece derrota”, dentre outras expressões oriundas da confissão positiva.

E as práticas então? O que falar da quantidade de simbolismos presentes em nossos cultos? É um sabonete da benção aqui, uma porta da prosperidade ali, um shofar para chamar o espírito acolá.

Temos ainda a unção dos seres viventes que nos faz imitar animais em pleno púlpito, unção do riso para darmos gargalhadas desprovidas de função, unções financeiras para todos os bolsos, além de eventos e shows gospel regados a altos cachês e muita lambada.

É meus irmãos, não basta vociferar palavras de ordem. A bíblia só será o seu “manual” de prática e fé, quando suas práticas e sua fé estiverem fundamentadas unicamente nas palavras de Cristo e na doutrina dos apóstolos.

Nesse sentido a Bíblia é bem clara:

Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema”. (Gálatas 1:6-9)

Literalmente Paulo ensina que qualquer ensino fora do contexto bíblico, seja ele dado por apóstolos ou mesmo por anjos, deve ser considerado maldito. Considerando o (mau) exemplo de Saul, quando poupou a vida do rei Agague (1 Samuel 15), e foi considerado anátema, percebemos que o valor desse texto é imenso, uma vez que engloba até mesmo práticas inofensivas, consideradas corretas em outras situações.

Para fins de esclarecimento utilizarei um exemplo simplório:

Se um anjo descer dos céus e nos informar que Deus mandou seus servos mascarem chicletes todos os dias, logo ao amanhecer, isto deve ser considerado maldito, mesmo que o fato de mascar chicletes não seja em si um ato pecaminoso ou herético. Foi isso o que aconteceu com Saul, quando poupou a vida do rei, mesmo sendo aquele ato algo considerado honroso, não fosse o fato de Deus haver determinado o contrário.

Espero ter sido claro o suficiente. Deus abençoe a todos nós e nos ensine a praticar somente aquilo que Ele nos ensinou, considerando anátema quaisquer doutrinas humanas, mesmo quando possuirem aparência espiritual.

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