Caindo na real...

Por Ruy Cavalcante
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Como de costume, estava aproveitando um tempinho vago em meu trabalho para navegar entre diversos blogs e sites cristãos, buscando crescimento, conhecimento e, principalmente, graça. Aproveitei para me atualizar com as “novidades” do mundo “gospel”, algumas como fruto de novas “interpretações” bíblicas, novos (maus) costumes e infelizmente poucas de raízes puramente bíblicas. Deparei-me então com a atualíssima “unção do quatro seres viventes”, que já se faz presente em minha cidade, fruto da não menos atual “adoração extravagante” que, pessoalmente, parece título de livro de artes cênicas de baixa qualidade.

Foi então que algo estalou em minha pequenina cabeça (talvez não tão pequena diria alguns). Algo que está longe de ser novidade, mas que se renova a cada dia em nosso meio, principalmente na parte gospel do meio cristão (!?). Isso aconteceu quando me deparei com o seguinte texto bíblico:

“quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:35-37)


Um texto tão conhecido e tão pouco entendido. Hoje esse texto me falou muito sobre o triunfalismo que vivemos há algum tempo em nossas igrejas, em nossas vidas. Canso de ouvir “somos mais que vencedores”, como se esse texto afirmasse que venceremos em tudo neste mundo, que “reinaremos em vida” como diz um novo “sucesso gospel”, que onde pisar a planta de nosso pé o Senhor nos dará como herança, como se fossemos o povo de Israel buscando o lar prometido, a fim de deixarmos de perambular por ai por causa do pecado.

Ao escrever estas linhas lembro-me de quando aconselhei cautela a um amigo que iria fazer uma visita a uma família recém convertida, num bairro perigoso de Rio Branco. Ele me respondeu: Que é isso irmão, eu vou fazer a vontade de Deus, como você pode imaginar que algo ruim poderia acontecer estando eu fazendo a obra dEle? Tentei explicar o que Paulo estava fazendo ao ser por várias vezes preso, açoitado e mesmo morto; tentei mostrar o que fazia Estevão ao ser apedrejado; tentei esclarecer quem nos conta a história ter sido queimado nas fogueiras da inquisição. Não surtiu muito efeito, o triunfo estava impregnado e, como graças a Deus nada de mal aconteceu, temo que tenha ficado ainda mais cauterizado.

Eu, porém, penso que Paulo não estava pregando o sucesso absoluto do crente neste mundo. O que ele afirma claramente em meu coração é que, independentemente do que aconteça, mesmo que eu seja morto, no fim eu receberei a coroa da vida, pois mesmo que eu morra, viverei, e que minha vitória é certa em Cristo. Como escrevi no post “O céu sempre atrapalhou os cristãos”, Ele já nos preparou um lugar, nós realmente já vencemos a morte, o céu já espera por nós.

Essa sim é nossa vitória incontestável! Esta é a vitória que deveríamos apregoar, mas não parece ser o que gostamos de ouvir, talvez por isso não mudamos o discurso, afinal, quem ficaria numa igreja que não prega o sucesso já? Possivelmente as igrejas ficariam vazias de crentes (embora cheias de Cristo) e não é isso que a visão da “vitória” gostaria. Não é isso que nossos líderes sonham, pois seus nomes não serão jamais lembrados por haverem pastoreado igrejinhas de poucos membros, mesmo que estes fossem parte do mundo puramente cristão, não somente gospel.

Claro, exemplos de vitórias e triunfos nesta terra são encontrados aos montes na Santa Palavra de Deus, que o diga Isaías. Mas esta não é a regra. Aliás, no Reino de Deus a única regra que há encontra-se restrita a Sua soberana Vontade:
“Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e
terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão (...). Portanto, tem
misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.” (Romanos 9:15, 18)

Precisamos buscar sabedoria continuamente, em Deus, e voltar a pregar exclusivamente o que Cristo ensinou. Só assim teremos igrejas cheias. Não de crentes. Mas de pecadores restaurados.

Naquele que jamais perdeu...
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2 Comentários

  1. Tem tempo meu irmão que eu não ouço a palavra da Salvação nos púlpitos...Vixi tem é tempo mesmo!

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  2. Ruy Cavalcante06 junho, 2011 22:54

    Essa Palavra não traz riquezas e sim salvação.. mas o tempo em que a igreja se preocupava com a salvação está ficando cada vez mais distante...

    Triste mas real... precisamos voltar a salgar esta terra...

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